segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Catolicismo e Contra-Revolução no Brasil dos séculos XIX e XX


Reminiscência

Catolicismo e Contra-Revolução no Brasil dos séculos XIX e XX

Magníficos frutos do autêntico catolicismo no Brasil, baseado nos ensinamentos do Concílio de Trento, revigorado em meio a muitas provações e ataques anticlericais

Sergio Bertoli

     O século XIX foi marcado pelo florescimento do catolicismo ultramontano, que fortaleceu a influência e o prestígio da Santa Igreja. Além de afirmarem as verdades eternas, os católicos se opunham decididamente aos inimigos da fé.

      Inspirado nos perversos ideais da Revolução Francesa, expandia-se na época o chamado liberalismo católico, o qual pregava a “democratização” da Igreja e o distanciamento em relação à autoridade papal. Os católicos ultramontanos se levantaram então com ufania para defender a autoridade do Sumo Pontífice e a ortodoxia, gerando ao mesmo tempo grande dinamismo nas instituições e movimentos católicos.

Bem-aventurado Papa Pio IX
      Na Europa, esse renouveau teve como figuras proeminentes contra-revolucionários do porte de Donoso Cortes, Joseph de Maistre, De Bonald, São Clemente Maria Hofbauer e, principalmente, o Bem-aventurado Papa Pio IX.

      Muitos outros poderiam ser aqui citados. Catolicismo, na década de 1960, através da pena de seu saudoso colaborador, Prof. Fernando Furquim de Almeida, abordou com maestria a luta ultramontana e contra-revolucionária desenvolvida na Europa durante o século XIX.

     No Brasil, este mesmo combate se travou com enorme vivacidade, envolvendo altas personalidades: a) de um lado, os defensores da fidelidade a um catolicismo genuíno; b) de outro, os propugnadores do dito catolicismo liberal, o “progressismo” da época.

Visão da História sob o prisma católico

     Analisada a História sob o prisma católico, ela não se apresenta como uma sucessão de fatos caóticos e desarticulados entre si, mas sim orientados e influenciados por uma série de fatores naturais e sobrenaturais, que variam de acordo com o momento e a situação histórica. Um desses fatores negativos foi descrito pelo Papa Pio XII como sendo um sutil e misterioso inimigo da Igreja: “Ele se encontra em todo lugar e no meio de todos: sabe ser violento e astuto. Nestes últimos séculos tentou realizar a desagregação intelectual, moral, social, da unidade no organismo misterioso de Cristo”.1

     Foi sob esse prisma que analisamos em nossos artigos anteriores o embate entre forças antagônicas no Brasil, a partir do século XIX, no tocante à educação, ao verdadeiro papel da mulher e em especial à influência da família na boa formação da sociedade.

Provações inerentes a toda obra de apostolado

     D. Antônio Joaquim de Melo, primeiro bispo brasileiro a assumir a diocese de São Paulo, elaborou sólido plano de recuperação do catolicismo autêntico no Brasil, fundamentado nos ensinamentos do Concilio de Trento e nas orientações do Bem-aventurado Papa Pio IX. Entre suas metas principais figurava a constituição de seminários para a formação de um clero instruído e pleno de vida interior. Além disso, o prelado percebia bem quanto valor tinha a instrução católica da juventude, em especial a feminina, que levaria a boa seiva para suas famílias como filhas, irmãs, esposas e mães.
    Praça de Martouret, na cidade de Puy, onde foram mortas as primeiras
 mártires das religiosas de São José de Chambéry 


    O plano do fervoroso bispo constava de uma instrução religiosa e cultural exímia. Exemplo disso foram as seis irmãs de São José de Chambéry, Sabóia (França), enviadas a Itu, no estado de São Paulo. Essa congregação tivera a glória de ser dispersa pela Revolução Francesa e ter suas primeiras mártires executadas na Praça de Martouret, na cidade de Puy, por não aceitarem a constituição civil do clero e as idéias iluministas desse movimento anticristão. A congregação felizmente não sucumbiu, e se reorganizou durante o século XIX.

    A maioria de suas religiosas aqui aportadas era constituída por jovens entre 19 e 30 anos de idade, cuja chegada não deixou de causar, de um lado entusiasmos contagiantes, e de outro provações enormes, o que não é raro nas grandes obras de apostolado.

    Assim, a indicada para superiora – Madre Maria Basília –, logo ao sair da Europa contraiu um resfriado, que se agravou a ponto de levá-la à morte em plena viagem. O Revmo. Pe. Terrier, dirigindo-se ao cardeal Billet, assim descreve o ocorrido: “Apesar da dedicação do médico, o mal se agravou, uma febre violenta a fez perder completamente o conhecimento de tudo, mantendo-a em delírio durante cinco dias. Pela tarde de 26 de julho, depois de ter repetido duas ou três vezes os nomes de Jesus, Maria e José, ela morreu como os justos, chorada por todos e a dois dias da chegada à terra, na altura do Cabo Frio, diante do Brasil onde ela tanto desejava chegar. Ó Eminência, que terrível golpe para nós; mas aos olhos da fé, que linda morte! Era mister uma vítima para atrair as bênçãos celestes sobre o nosso empreendimento: Deus escolheu a mais pura, a melhor preparada, a mais agradável aos seus olhos.

“Como não se podia conservar a bordo um cadáver além de 12 horas, foi preciso proceder-se à sua imersão, na madrugada seguinte. A cerimônia foi realizada com a maior solenidade possível. Celebrei a missa de corpo presente, e, bem assim, o Revmo. cônego Goud e o padre capuchinho: todos os católicos de bordo assistiram ao Santo Sacrifício. Findo este, o corpo, revestido do seu habito religioso, foi transportado para o convés e aí se cantou a Absolvição em meio dos soluços de todos os assistentes. Depois do último Requiescat in pace, suas Irmãs aproximaram-se para o derradeiro adeus, em seguida lhe ataram aos pés um saco de areia e escorregaram-na suavemente para o mar”.2

Madre Teodora de Voiron
     Deixamos para futuro artigo a narração das peripécias da viagem entre Rio, Santos, São Paulo e Itu. Pode-se bem imaginar as dificuldades sentidas por religiosas ainda muito jovens, vindas de uma sociedade europeia, sendo transportadas em liteiras, carroças e animais do mundo agreste de então. Entretanto, logo no primeiro instante, perceberam a cordialidade e a hospitalidade do brasileiro, características de nosso povo que foram objeto de elogios das religiosas.

     Com a morte de Madre Basília, que superiora escolher? Foi indicada a Madre Maria Teodora de Voiron, de apenas 24 anos. D. Joaquim se opôs: “Mas é uma criança! Uma criança! Que faremos com uma criança?!”

     Com o passar dos dias e observando-a atentamente, ele mudou o seu parecer: “Concluí que sua sensatez, sua discrição e sua prudência triunfariam de todos os obstáculos. Pareceu-me ver nela bom senso e condescendência, qualidades indispensáveis a uma superiora. Tudo me convenceu que ela devia governar”.
Monumento em homenagem à Madre Teodora
     Madre Teodora, escrevendo à sua superiora na Europa, registrou: “O Sr. Bispo acaba de me enviar, por escrito, a confirmação do meu nome para superiora. Nunca senti tão vivamente minha fraqueza e profunda miséria. Minha única esperança está no Divino Salvador. Conto com a assistência de sua graça e com os conselhos de minha boa Mãe”. Logo em seguida acrescenta “Fazem-nos um pouco de guerra: nossa mudança excitou a raiva dos maus; eles não se conformam com a idéia de que a mais rica e bela Igreja, não somente da cidade, mas da Província, passe para mãos estrangeiras. Vêem que nossa obra prospera, que gozamos das simpatias de um grande número e não nos podem perdoar”.

      Madre Teodora enfrentou provações múltiplas: contra a fé, contra a esperança, de desânimo, e muitas outras. Já com mais idade, contava sorrindo que certo dia, quando ainda jovem superiora, foi chamada ao locutório por um senhor de meia idade que, sem mais preâmbulos, exprimiu-lhe profunda admiração por sua brilhante inteligência, seu espírito de iniciativa e demais prendas. Acabou pedindo-a em casamento.

     Agradecendo-lhe a homenagem e os cumprimentos, Madre Teodora explicou-lhe: “Se fosse esse meu ideal, por certo eu não deixaria a França, onde recusei ótimos partidos”.
Esta é usualmente, diga-se de passagem, uma arma dos inimigos da Igreja contra sacerdotes e religiosas. E quantos apostatam! Mas era tal o desinteresse da Madre pelo assunto, que jamais cogitou da identidade do cavalheiro...
              Este prédio, inaugurado em 1867, abrigou o Colégio São Luís
 dos padres jesuítas, em Itu

Oposição dos inimigos da Igreja

     Interessa-nos realçar principalmente aqui em que consistiu a oposição a esta obra por parte de forças anticlericais de então, com seus métodos de ataques explícitos à Igreja. Hoje o lobo mudou de pele, embora tenha conservado e até requintado seu ódio à fé.

      O jornal “A Gazeta de Campinas” publicou, no período de 1878 a 1880, uma série de artigos assinados por um L.L. (morador de Itu), sob o título O conventinho, os jesuítas e o Patrocínio de Itu. Entre sarcasmos, afirma-se nessa série (mantemos a ortografia do original): “Até quando ficaremos expostos aos effeitos funestissimos dessas cazas jesuíticas, que não escrupolizam em dar educação por ‘tais metas’[...]. Dezenas e dezenas de meninas costumam vir educar-se no Patrocínio, seria este cúmplice naqueles desmandos, caso não se viesse pela imprensa, abrir dos olhos aos ingênuos pais de famílias que, na boa fé, são aludidos pelos saltimbancos de roupeta”.
      O alvo prioritário dos ataques eram os jesuítas. As Irmãs de São José também se tornam objeto das investidas, em virtude de sua ligação com os filhos de Santo Inácio. A congregação foi alvo de inúmeras crônicas, às vezes rudes, furibundas, fantasiosas e infundadas.

      Um artigo no mesmo jornal, assinado por Ollem Sopmac — que, se lido na ordem inversa, pode significar Campos Mello — comenta: “Entretanto, a menina de que fallamos, que não teve tempo para estudar nem sequer a historia pátria, nem somente a provincial, sabia de cor inteiramente sem faltar uma linha, um volume inteiro da Historia Sagrada! [...] Nem um só dia deixa de repetir Cathecismo e Historia Sagrada [...], única cousa que se ensina com desvelo é o que lhe chamam religião, e que seria, se não estivesse enxertada das mesmas superstições dos jesuítas. Não vale a pena tão pouca cultura intellectual em troca de tanto fetichismo. [...] Em breve, os observadores conheceram que o beatíssimo começava a ressurgir de suas cinzas. Novas e desconhecidas praticas religiosas appareceram. As festas do mez de Maria de que nunca se fallou em Itu, foram instituídas; as solemnidades da Primeira Comunhão, um verdadeiro melodrama, que deslumbra as mulheres ignorantes e até alguns não muito ignorantes, celebram-se em grande concurso”.3

       Expressões como “fanatizado pelos jesuítas”, “enorme turba de beatos”, “medrosos”, “multiplicaram-se as superstições”, “asqueroso fetichismo” etc., não cessavam de aparecer em tais escritos cheios de fel e anticlericalismo.

Resultado de uma grande obra de apostolado

Madre Teodora às vés-
peras de sua morte
      Madre Teodora foi superiora da congregação por quase 66 anos. Apesar de todas as investidas, a obra foi adiante. A partir daquela semente nasceram numerosos frutos. Só no estado de São Paulo, até 1919, a congregação já mantinha 31 casas sob sua direção.
      De acordo com o registro dos livros de matrículas que se encontra no Colégio Nossa Senhora do Patrocínio, de 1859 a 1919 foram matriculadas 2.275 alunas. Considerando o número de inscritas ano a ano, a tabela fala por si, demonstrando que o prestígio do colégio se mantinha equilibrado no decurso de 60 anos – caso inusitado, se comparado a outras instituições de educação que tentaram se firmar nesse mesmo período.
      A sociedade paulista ficou marcada durante essas décadas pela moralidade católica tradicional. Moralidade esta combatida hoje ao extremo pelos fautores do hedonismo como “sociedade hipócrita, cheia de falso moralismo e tabus” e toda sorte de slogans injustos e superficiais. É a manifestação do mundo com seus ódios, falsos atrativos e falsas máximas, a que se refere São Paulo Apóstolo.
Em próximo artigo pretendemos expor o método e o programa de ensino das Madres de São José de Chambéry, tão amadas e queridas por várias gerações de formandas.
____________
Nota:
1. Alocução à União dos Homens da A. C. Italiana de 12-10-1952 – “Discorsi e Radiomessaggi”, vol XIV p. 359.
2. Uma alma de Fé, Olivia Sebastiana Silva, Ave Maria, São Paulo, 1985, p. 55 e 56.
3. “Educação Feminina numa Instituição total confessional Católica Colégio Nossa Senhora do Patrocínio, Maria Iza Gerth da Cunha. Tese apresentada do Departamento de Historia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de SP (USP), 1999.
Grupo de alunas do Colégio Nossa Senhora do Patrocínio, em Itu


publicado também em –


·  Excelente!!!
A vocação do Brasil sempre será CATÓLICA. A história nos diz!
Gostei muito do artigo. Espero pelo próximo.
Salve Maria,
Carlos Magno
· 
José Silveira Viana
12, novembro, 2011 em 11:09 | #2
A Providência Divina não deixou de cercar de cuidados na formação de uma sã juventude enviando missionários virtuosos, mas, como já era de se esperar os inimigos da Igreja não dormem e hoje quer se banir toda religião do ensino.
· 
Márcio
12, novembro, 2011 em 09:23 | #3
Excelente artigo! Escrevam mais sobre esse assunto. Os jornais já falam o suficiente do fracasso do ensino laical (promovido pelos críticos da educação religiosa): crimes, comportamento anti-social, drogas, sexo, desrespeito, ignorância, etc.

Santa Cruzada por Trân Minh Nhât




Santa Cruzada por Trân Minh Nhât

Sergio Bertoli

Paul Trân Minh Nhât

        Paul Trân Minh Nhât, jovem estudante vietnamita, encontra-se em alguma masmorra do mundo comunista.               Provavelmente ferido pelo efeito dos maus tratos, em especial psicológicos, que são próprios a estes Neros de nossa época.
Qual seu crime?
Seu “compromisso em atividades militantes relacionadas à educação cristã recebida dos seus pais”.
Tran, na véspera de sua prisão, escreveu uma longa carta que parece ser de despedida onde mostra que já esperava uma intervenção da polícia que o seguia e controlava seus movimentos há algum tempo e termina agradecendo a seus pais pela fé que recebeu dos mesmos.
Em 27 de agosto último, ele terminava seus estudos. No final da sua última prova, quando saia da sala, quatro agentes de segurança uniformizados o acompanharam até a porta da universidade e o obrigaram a entrar em um carro que o esperava. Desde este dia, sua família não recebeu nenhuma notificação de detenção.
         Mil considerações gostaria de fazer a propósito deste episódio. Desde a indiferença do mundo para com Tran, até o farisaísmo daqueles radicais que vivem gritando em defesa dos tais direitos do homem, declaração nascida do espírito nefasto da malfadada Revolução Francesa.
        Mas prefiro abordar o assunto sob outro aspecto.
        Acompanhei durante bom tempo um determinado apostolado onde os participantes, que eram rotativos, escreviam as intenções de pedidos de orações.
        No total a maior parte destas intenções tinha um denominador comum, “para que meu marido consiga logo um novo emprego”, “para que minha filha arranje um bom noivo”, “para que eu seja curado de …..”, e por ai seguia…
        Muito raramente apareciam intenções como, “para que Deus Nosso Senhor converta o mundo atual”, “em desagravo ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria pelos pecados cometidos nos dias de hoje”, “Pelo triunfo do Reino de Deus nos corações” etc, etc.
       Quem sou eu para condenar o pedido por uma intenção pessoal dentro de tantas aflições em que passamos no momento presente. O que me impressiona é o egocentrismo predominante no geral do homem contemporâneo.
       Em plena Idade Média, ao saber do sofrimento dos peregrinos católicos na Terra Santa o Bem Aventurado Papa Urbano II convocou uma Cruzada, aliás tão caluniada e execrada nestes séculos de impiedade – tal seria se não fosse assim… “me diga quem criticas que eu te direi quem tu és”.        Participaram desta cruzada Santos, reis, pessoas de alta condição pessoal e porque não, com muito entusiasmo o “petit peuple de Dieu”.
       Tran e todos aqueles que passam por sofrimentos indizíveis, porque exerceram o dom que receberam no santo Crisma, a Fortaleza, bem que mereciam uma Santa Cruzada de orações, de manifestações, de preocupações indignadas daqueles que se honram de serem chamados CRISTÃOS.

Publicado em: http://www.ipco.org.br/home/noticias/santa-cruzada-por-tran-minh-nhat#comments

Rocha
20, setembro, 2011 em 03:08 | #1
Sr. Lorêdo,
Com todo o merecido respeito, parabéns na parte do repúdio à tal “Pitomba”.
Mas não se entende e não se justifica a “comercialização de obras de notórios autores anti-cristãos”. É uma questão de liberdade empresarial: optar somente por obras que realmente edificam a integralidade do leitor e não apenas este ou aquele aspecto da intelectualidade à custa do prejuízo à alma e à moralidade Cristã.
As outras obras… já há outros que as comercializam fartamente; não é um papel Cristão.
Fraternalmente, Paz e Bem, DEUS o ilumine.
19, setembro, 2011 em 12:33 | #2
Prezados amigos,
A revista Pitomba, daqui de São Luís, publicou quadrinhos em que N.S. Jesus Cristo é retratado como ladrão, drogado, libertino e beberrão.
14, setembro, 2011 em 14:12 | #3
E os idiotas ainda dizem que os Estados Unidos perderam a guerra!
Sim, de fato, a grande nação cristã perdeu a guerra, mas não em campo de batalha, e sim por conta da contínua traição de elementos internos.
Os comunas deviam ser mais gratos ao sr. Henry Kissinger, diplomata que assinou o acordo de cessar-fogo, pelo qual, aliás, ganhou o Nobel da Paz.
Aí está a “paz” que os fariseus, comunas e inocentes úteis tanto acalentaram!
Gilmara
14, setembro, 2011 em 11:39 | #4
Rezei por Paul…e rezarei, agradeço ao site por esta oportunidade de saber a verdade, notícias que não são divulgadas, corta meu coração mas me dá oportunidade de rezar por este irmão em Cristo, ao menos isto… que tristeza este comunismo assassino ! e o mundo se cala diante de todo tipo de violação de direito…
Anthony Ferreira
14, setembro, 2011 em 11:36 | #5
Combater com o terço numa mão e a espada na outra!
Rocha
14, setembro, 2011 em 03:31 | #6
Perdão, Altíssimo, com A maiúsculo obviamente.
Rocha
14, setembro, 2011 em 03:30 | #7
DEUS abençoe e proteja Paul Trân Minh Nhât, heroico candidato a mártir (se já não o é).
Que o altíssimo nos fortaleça para igual testemunho, se necessário, e para lutarmos já e sempre pela restauração da Civilização Católica!

O papel da mulher na sociedade cristã


O papel da mulher na sociedade cristã

Sergio Bertoli

A Rainha do Universo, na invocação de Mater Admirabilis,
 é representada como uma humilde fiadeira
Proclamada a República no Brasil, muitos esperavam novos hábitos, novos costumes, novos procedimentos; enfim, nova mentalidade. Em certo sentido foi o que aconteceu; mas em outro sentido, não. 

A chamada República velha manteve na sociedade brasileira, de algum modo até acrescido, um ambiente aristocrático e nobre, muito influenciado pela cultura francesa.

Na vida de família, apesar de defeitos notórios, prezava-se uma formação moral autêntica, influenciada por uma elite católica de escol. Em especial, tinha-se cuidado com a formação e preservação das filhas, adorno indispensável das famílias dignas deste nome.

Como tratamos em artigo anterior, esta elite vinha sendo impulsionada por pessoas do porte de um D. Antonio Joaquim de Melo, fiel seguidor das orientações do Papa Pio IX; de um D. Vital, bispo de Olinda; ou de uma Madre Teodora de Voiron, semeadora de grande obra apostólica. Muitas outras figuras de destaque faziam parte desse rol admirável de católicos autênticos e zelosos.

“A mulher forte, viril, isenta do feminismo moderno”


O dia 13 de dezembro de 1916 foi especialmente festivo. Era a data da formatura de uma turma de moças do Colégio Nossa Senhora do Patrocínio em Itu, cidade do interior paulista. Comoveu o público presente o discurso de uma das privilegiadas formandas, que depois dos habituais cumprimentos às autoridades, aos pais e ao público em geral, narrou um episódio da Roma antiga, do qual tirou uma nobre lição. 

Transcrevemos alguns trechos desse discurso:

“Ao redor de Roma, um sábio arqueólogo ouve ansioso os golpes da picareta. De súbito, no meio da terra úmida encontra uma pedra tumular. O túmulo é de uma senhora. De quem seria? De Clélia, Túlia, Vetúria, Cornélia, célebres mulheres da Roma antiga, cada uma tendo se destacando por uma atitude que deixou marcas na História?

O sábio procura, procura sempre alguma inscrição. A noite já se projetava em largas sombras, quando consegue decifrar este epitáfio: ‘Ela fiou a lã e velou sobre a casa’.

Resumo de uma vida toda. Que geração de heróis saiu, talvez, dessa obscura matrona, cujo nome a posteridade devia ignorar? Ó mulher, dize-nos o segredo de tua existência! Ensina-nos onde se acha a sabedoria: a quem devemos dar razão? À antiga matrona fiando em sua casa, ou à Eva moderna, ávida de ostentação, de glória, de emancipação, de direitos iguais aos do homem?

A primeira impressão foi de um sentimento de revolta contra a obscuridade a que fora condenada aquela existência. Fiou a lã e velou sobre a casa. Aparenta-se não haver nisto nem muito mérito, nem muita virtude.

Reflexões mais profundas revelam coisa diversa. Esta mulher cumpriu verdadeiramente o seu destino, legando à posteridade o exemplo da mais alta sabedoria. O lar é o lugar que mais convém à mulher. Não é ela a alma da família, o centro ao redor do qual gravitam todas as afeições? Esposo e filhos querem vê-la ali no meio deles, a toda hora, como um farol luminoso, com uma misericordiosa providência, para indicar-lhes o dever, ensinar-lhes a virtude, consolá-los nas tristezas, compartilhar as alegrias. Sim, mais que da matrona pagã, o lar é o lugar da cristã. Este foi o lugar de Maria. E Maria, Mãe de Deus, não é a mais augusta, a mais gloriosa, a mais santa de todas as mulheres?

Pais, vossas filhas serão no porvir a vossa glória, o vosso conforto, compendiando em toda a sua vida as imortais palavras descobertas pelo arqueólogo, resumindo essas virtudes que farão a mulher forte, viril, isenta do feminismo moderno, fiel, dedicada até o heroísmo no cumprimento do dever. Nossas educadoras nos fazem cotidianamente haurir, na fonte da ciência literário-artística, a verdadeira e sólida educação cristã. Ufano-me em dizê-lo, é um laboratório aquecido ao lume da fé robusta, onde se formaram nossas diletas mães e essas legiões de senhoras que na família, na sociedade cristã, brilham quais jóias preciosas, preparadas com o mesmo carinho e esmero com que nos preparam hoje para tesouro do futuro”.*

Feminismo: o que demônio promete mas não dá


O lar é o lugar que mais convém à mulher.
Não é ela a alma da família, o centro ao redor
do qual gravitam todas as afeições?
Outros tempos, outros costumes, outra vida. A doutrina católica tradicional estava na dianteira da formação dessa mentalidade. Nenhuma instituição dignificou mais a mulher do que a Igreja. A situação do sexo feminino no mundo antigo era inteiramente diversa da atitude que se passou a tomar em relação à mulher na civilização cristã: No paganismo, ela era quase uma escrava; a santa Igreja esculpiu na prática o que Deus Nosso Senhor traçou como modelo da mulher ideal.

Inúmeras são as mulheres que a Igreja apresenta como exemplos ao longo da História, formadas segundo seus veneráveis princípios: Santa Helena, Santa Clotilde, Santa Isabel da Hungria, Isabel a Católica, Branca de Castela, Santa Teresa de Ávila, mais recentemente Santa Teresinha, e quantas outras.

Que reações provocará este artigo em mentalidades imbuídas do ambiente mundano, tão condenado pelo Apóstolo das Gentes? Fúrias, indignações, ironias? Cansamo-nos de ouvir expressões como estas: “Isto é machismo”; “a mulher tem que desfrutar sua independência”; “não sirvo para ser doméstica”, e quantas coisas mais...

Como se costuma dizer, o demônio não dá o que promete. Quantas lamentações ouvem-se hoje em dia de mães que, além de cumprir todas as tarefas do lar, têm que executar algum trabalho profissional que decidiram assumir, ou a isso viram-se obrigadas! Quantos lares desfeitos! Como diz um provérbio: “Expulsai o que é natural, e ele voltará a galope”.

Se é certo, como dizem numerosas profecias particulares, que este mundo não se libertará de sua situação anticristã e neopagã, a não ser por meio de uma intervenção especial da Providência Divina, peçamos essa pronta interferência para que seja restaurado o papel fundamental, e quão grandioso, da mulher na sociedade, a exemplo da Santíssima Virgem, Mãe de todas as mães.

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Nota:
* - Ivan A . Manoel, A Igreja e a educação feminina (1859-1919), Editora da Universidade Estadual Paulista (UNESP), São Paulo, 1996, pp. 13 e 14

Publicado em: http://www.catolicismo.com.br/materia/materia.cfm/idmat/AB674788-3048-313C-2E42BC3D82871C31/mes/Mar%C3%A7o2011